Evento gratuito reúne quatro documentários sobre a ancestralidade e o ativismo negro
III Festival Casa Sueli Carneiro, que acontece de 24 a 30 de junho na Casa Sueli Carneiro e em outros espaços da cidade de São Paulo, apresenta a Mostra Audiovisual em Geledés – Instituto da Mulher Negra, no dia 26 de junho (quarta), das 13h às 18h, com a exibição de quatro documentários que registram a resistência e o ativismo negro na música, na dança e nos territórios quilombolas.
Com entrada gratuita, mediante inscrição prévia, o programa reúne o documentário de Geledés, Projeto Rappers – A Primeira Casa do Hip Hop Brasileiro; o documentário da Casa Sueli Carneiro, Bixiga: Caminhos para Saracura, e um filme apoiado pela Casa, Meada Cor Kalunga; e Um Filme de Dança, produzido por Carmen Luz, sobre dança e ancestralidade negra.
Projeto Rappers: A Primeira Casa do Hip Hop Brasileiro (2023)
Direção: Ildslaine Silva (Mc Sharylaine) e Clodoaldo Arruda
Roteiro: Jaqueline Santos, Caio Franco e Thiago Mota
Produção: Natália Carneiro, Ildslaine Silva (Mc Sharylaine) e Clodoaldo Arruda
40 min
O documentário narra o encontro marcante, no final dos anos 1980, entre a juventude negra e periférica praticante da cultura Hip Hop e o movimento de mulheres negras nas ruas de São Paulo, originando o Projeto Rappers, que fortaleceu o protagonismo de jovens vítimas do racismo, da exclusão social e da violência policial.
A iniciativa resultou também na criação da revista Pode Crê!, primeira publicação nacional voltada para a juventude negra, que propiciou a seus participantes ocuparem espaços na vida política, cultural e acadêmica em várias instituições no país.
Feministas negras do Geledés – Instituto da Mulher Negra, como Sueli Carneiro, Sônia Nascimento, Solimar Carneiro, Nilza Iraci e Deise Benedito, tiveram papel fundamental nessa história, oferecendo formações sobre raça, gênero, classe e direitos humanos, com a participação de líderes sociais e intelectuais engajados nas lutas antirracistas e antissexistas.
Assista a um trecho: https://youtu.be/DwVmNTDG0Qs
Bixiga: Caminhos para Saracura (2023)
Direção: Caio Franco
Pesquisa e roteiro: Taina Silva Santos
Produção: Casa Sueli Carneiro
22:17 min
O curta-metragem mostra a batalha dos moradores do centro de São Paulo pela preservação de um sítio arqueológico descoberto durante as escavações da Linha 6 – Laranja do Metrô, destacando a presença negra no bairro do Bixiga.
Os vestígios encontrados de antigos moradores com mais de dois séculos possuem grande potencial de revelar mais indícios sobre a raiz negra da região que abrigou o único quilombo de São Paulo.
Diante das descobertas, o movimento Mobiliza Estação Saracura/ Vai-Vai, formado por moradores, ativistas e pesquisadores, tem se dedicado a destacar a história da população negra no Bixiga, lutando pela permanência da escola de samba no bairro e pensando em projetos focados em valorizar o passado negro da região.
Assista a um trecho: https://www.instagram.com/reel/CxOS44bvlsb/?hl=pt-br
Meada Cor Kalunga (2023)
Direção: Marta Kalunga, Alcileia Torres e Ana Luíza Reis (Analu)
O documentário registra os saberes ancestrais afro-diaspóricos da comunidade quilombola Vão de Alma, na cidade de Cavalcante, em Goiás, próxima da Chapada dos Veadeiros, por meio da história de Dirani Kalunga e mediação de Marta Kalunga, duas lideranças quilombolas, mestras dos saberes populares, que compartilham e resgatam a memória dos povos originários através da oralidade.
“É um filme de sabedoria ancestral sobre a técnica de coloração de pigmentos naturais”, afirma Analu, mulher indígena pataxó, cineasta e fotógrafa. Para a equipe e a comunidade, contar a história das mulheres Kalunga foi o lugar de retomada de narrativa e aquilombamento, mostrando a força do poder coletivo e abrindo portas para que outras mulheres quilombolas possam contar suas histórias através do audiovisual.
O documentário foi contemplado no Laboratório de Memória Negra e Soluções Ambientais da Casa Sueli Carneiro, edital que buscou apoiar registros sobre memórias, abrigar experiências e sistematizar práticas negras de soluções ambientais promovidas por coletivos, entidades, organizações e movimentos negros.
Um Filme de Dança (2013)
Roteiro, produção e direção: Carmen Luz
90 min
“E os negros? Onde estão os negros? Eis a pergunta que os brasileiros deveriam se fazer uns aos outros”. A provocação de Nelson Rodrigues, disparada no Rio de Janeiro dos anos 1960, foi o ponto de partida para a realização do documentário Um Filme de Dança.
Mesclando danças e entrevistas realizadas no Brasil e nos EUA, o filme mostra a trajetória, o pensamento e o belo e contundente trabalho de alguns dos mais atuantes criadores e criadoras de dança negras e negros de diferentes gerações, entre eles, Mestre King, Mercedes Baptista, João Carlos Ramos, Balé Folclórico da Bahia, Zebrinha, Bando de Teatro Olodum, Luciane Ramos e Elísio Pitta.
Um tributo ao corpo negro, dono de sua própria dança, o documentário é, por sua abrangência, pioneiro na história da dança brasileira. Uma homenagem à perseverança de bailarinas e bailarinos, coreógrafos e coreógrafas, alguns deles já falecidos.
Assista a um trecho: https://youtu.be/eZArJdLn88o
SERVIÇO:
III Festival Casa Sueli Carneiro | Roda das Artes: Mostra Audiovisual
Data: 26 (Quarta-feira)
Horário: 13h às 18h
Local: Geledés – Instituto da Mulher Negra
Endereço: Rua Santa Isabel, 137 – Vila Buarque, São Paulo, SP
Gratuito | *Inscreva-se para participar
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