Totalmente gratuita, a formação é uma parceria com a Fundação Rosa Luxemburgo e tem objetivo formativo de criar ou fortalecer capacidades e condições para registrar e disseminar a memória negra nas diversas regiões do Brasil.
As aulas são ministradas de forma remota por doze especialistas de diferentes áreas do conhecimento, às segundas-feiras, das 16 às 19h. A carga horária total do curso é de 40 horas, divididas em 4 módulos de 10 horas cada um. Lindinalva Barbosa e Mafuane Oliveira estarão em todos os encontros como facilitadoras. Os encontros ainda contam com o apoio técnico de Letícia Junqueira.
Além da cronologia ocidental, cosmogonias afro-brasileiras têm diferentes e complexas percepções do tempo. O cosmograma bakongo, por exemplo, sistematiza temporalidades cíclicas a partir da ideia de kalunga. Tais acepções do tempo serão apresentadas em diálogo com o tempo histórico e as teorias de construção e disseminação de memória.
Documentos escritos, fotografias, recortes de jornal, objetos, livros podem ser organizados e catalogados de forma intencional como arquivos públicos. A organização de acervos será um tema do módulo, bem como a pesquisa em acervos já organizados.
Povos e culturas tradicionais registram e disseminam memória por meio da oralidade e de práticas corporais como a dança e o canto. Nas famílias, vizinhanças, casas de santo e práticas culturais há memória negra a ser percebida e registrada.
A forma como os lugares são ocupados, formatados, constituídos carrega a memória. Algumas vezes valorizada e tantas vezes apagada, a memória negra pode ser percebida em marcas nos territórios. Na contemporaneidade, há diversas narrativas de memória que retomam informações guardadas no espaço físico.
Professora, pesquisadora, doutora em História Política. Desenvolve pesquisa sobre gênero e raça no Brasil e tem vários artigos publicados na área. Atualmente integra a equipe de curadoria da exposição Pequenas Áfricas do Instituto Moreira Sales e escreve o perfil biográfico da porta-bandeira Tia Dodô da Portela.
Módulo 1: Temporalidades, memória e patrimônio
Aza Njeri é professora doutora em Literaturas Africanas, pós-doutora em Filosofia Africana, pesquisadora de África e Afrodiáspora. Professora do Departamento de Letras PUC-RJ e do Instituto de Pesquisa Pretos Novos-RJ. Coordenadora do Núcleo de Estudos Geracionais sobre Raça, Arte, Religião e História do Laboratório de História das Experiências Religiosas/UFRJ e o Núcleo de Filosofia Política do Laboratório Geru Maa/UFRJ. Escritora, roteirista, multiartista, crítica teatral e literária, mãe, podcaster e youtuber.
Módulo 1: Temporalidades, memória e patrimônio
Professor Associado da UFRJ e pesquisador do CNPq. Tem realizado pesquisas sobre escravidão e pós emancipação em perspectivas atlânticas.
Módulo 1: Temporalidades, memória e patrimônio
Luis Ludmer é produtor cultural e diretor de cinema e tv desde 2002. Palavras Permanecem, sua última série documental, foi lançada em 2018 pelo Canal CURTA! Na última década se dedicou à organização 3 de acervos: o do jornalista Marcos Faerman (2016); o Acervo Vladimir Herzog (2020) e, hoje, coordena junto com Jean Camoleze a organização do Acervo Sueli Carneiro. É também professor de comunicação e pesquisador, com ênfase em mediação cultural de acervos digitais.
Módulo 2: Arquivos – organização e pesquisa
Bibliotecária, Bacharel em Biblioteconomia e Ciência da Informação pela FESPSP – Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Trabalhou com projetos voltados para bibliotecas especializadas e agora com o Acervo da Casa Sueli Carneiro.
Módulo 2: Arquivos – organização e pesquisa
aulo César Ramos é doutor em sociologia pela USP. Mestre e bacharel em sociologia pela UFSCar. Atualmente é pesquisador de pós-doutorado na Universidade da Pensilvânia. Também é pesquisador do Núcleo Afro do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, coordenador do Projeto Reconexão Periferias da Fundação Perseu Abramo e pesquisador do Núcleo de Justiça Racial e Direito da Fundação Getúlio Vargas. Tem por temas prioritários relações raciais, violência, movimentos sociais e políticas públicas.
Módulo 2: Arquivos – organização e pesquisa
Janja Araújo é baiana e começou sua iniciação na capoeira em 1982. Atualmente se dedica aos estudos sobre as mulheres nos contextos das culturas tradicionais e populares de matrizes africanas. Sua trajetória é também marcada pelo diálogo permanente com as organizações das mulheres tanto no contexto das lutas por autonomia e enfrentamento às violações de direitos, quanto nestes contextos tradicionais, com ênfase nos movimentos que se formam no interior da capoeira, ressaltando seu caráter transnacional. Janja Araújo é formada em História (UFBA) e possui mestrado e doutorado em Educação (USP) e pós-doutorado em Ciências Sociais (PUC/SP). É docente do Departamento de Estudos de Gênero e Feminismo (FFCH/UFBA), e mestra de capoeira, sendo cofundadora do Instituto Nzinga de Estudos da Capoeira Angola e Tradições Educativas Bantu no Brasil, uma organização que realiza trabalhos várias cidades brasileiras e em vários países.
Módulo 3: Corpo e oralidade
Gersonice Ekedy Sinha Azevedo Brandão é equede do Ilê Axé Iyá Nassô Oká (Terreiro Casa Branca), em Salvador, Bahia.
Presidenta da Associação São Jorge do Engenho Velho, Terreiro Casa Branca.
Criadora da Feira da Saúde da Casa Branca, evento que ocorre anualmente em setembro na Praça da Oxum do referido Terreiro, tendo como objetivo a realização de atividades em prol da saúde da população negra.
Fundadora do Espaço Cultural Vovó Conceição, criado para difundir e preservar a arte do corte e costura das roupas de axé.
Autora do Livro “Equede: Mãe de Todos”, em processo de relançamento.
Módulo 3: Corpo e oralidade
Considerada a primeira capitã de Massambike do Estado de Minas Gerais, Pedrina de Lourdes Santos tem 60 anos, 49 deles participando da Festa de Nossa Senhora do Rosário, 41 como capitã do Terno de Massambike de Nossa Senhora das Mercês, na cidade de Oliveira, Centro-Oeste mineiro.
Nascida nesta cidade, começou a dançar e tocar aos 11 anos de idade, quando seu pai, o capitão Leonídio dos Santos, não conseguiu reunir o número de homens suficientes para sair às ruas e permitiu que ela e outras jovens saíssem no terno. Desde então, Pedrina permanece na manifestação, e com a morte do pai em 1980, assumiu junto com seu irmão, Antônio, a capitania da Guarda.
Apesar das dificuldades que encontrou por ser mulher numa manifestação tradicionalmente masculina, hoje, Pedrina tem seu nome reconhecido dentro e fora do Estado de Minas e é constantemente convidada para palestras, oficinas e consultorias sobre as tradições do congado. Esse reconhecimento levou Pedrina e sua guarda, em 2005 a participar do Ano do Brasil na França, representando a cultura mineira. Por conta desta viagem, em 2006, ela recebeu a “Medalha Tiradentes”, concedida pelo governo do estado a pessoas que contribuíram para o prestígio e a projeção de Minas e do país.
Estudiosa das tradições afro-brasileiras, nos últimos anos Pedrina tem participado como palestrante e oficineira no Seminário África Diversa no RJ, no Festival de Inverno da UFMG, sendo que na edição do ano de 2014 do festival de “Formação Transversal em Saberes Tradicionais – Catar Folhas, pela UFMG. Participou do fórumdoc edição 2018 em participação em mesa temática com Makota Valdina Pinto. Participou do documentário Crioula Reinado no ano de 2017. Recebeu homenagem no Segunda Preta, no ano de 2018. Está em processo de avaliação pela UFMG para receber titulação de doutora Honoris Causa.
Módulo 3: Corpo e oralidade
Geógrafo. Doutorando em Geografia na Universidade Federal Fluminense. Mestre em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Pesquisador Associado da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN). Foi professor e coordenador acadêmico da Especialização Lato Sensu Estado e Direito dos Povos e Comunidades Tradicionais e da Especialização Lato Sensu Direitos Humanos e Contemporaneidade – UFBA/UAB/CAPES (2017-2020). Exerceu cargos públicos de assessor e coordenador para povos e comunidades tradicionais no Estado da Bahia, nas áreas de gestão das águas, desenvolvimento social e promoção da igualdade racial (2007-2015). Coordenou pela ABPN a pesquisa “Mudanças Climáticas em face do Reconhecimento dos Territórios Negros”(2020-2021). Pesquisador da confluência IYALETA – Pesquisa, Ciência e Humanidades, onde coordena a pesquisa “Amazônia Legal Urbana – Análises socioespaciais de Mudanças Climáticas” (2020-2022). Foi Delegado da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP 26). Autor do livro “A Geopolítica do Estado e o Território Quilombola no século XXI”, Paco Editorial, 2018. Realizou a direção do DOC “IGI OBA NILE – Memórias de Mãe Raidalva”, 66 min. N5 Filmes, 2014. É autor e direção do documentário “TERRAS QUE LIBERTAM – histórias dos Cupertinos”, 52 min. Ajayô Filmes, 2021.
Módulo 4: Território e narrativa
Raissa Albano de Oliveira é antropóloga formada pela PUC SP, com especialização no curso Cidades em Disputa da Escola da Cidade, pesquisadora e educadora. Com formação complementar nas áreas das artes plásticas, fotografia, urbanismo e memória, seu trabalho procura desenvolver caminhos para o direito à memória, direito à cidade e subjetividades poéticas. É idealizadora e pesquisadora do Coletivo Cartografia Negra, coordenadora de pesquisa no Instituto Gilberto Dimenstein e co-curadora da 13 Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo.
Módulo 4: Território e narrativa
Professor do Programa de Pós-Graduação em Letras – Departamento de Letras da Universidade Federal de Viçosa. Pesquisador do NEIA/UFMG e membro da Comissão Executiva do Portal Literafro. Doutor em Literatura Comparada pela UFMG, as suas pesquisas com literatura contemporânea brasileira e literatura afro-brasileira possuem interfaces com música, teatro e performance.
Módulo 4: Território e narrativa
Omorixa Oyá e Egbon do Terreiro do Cobre; Educadora; Ativista do Movimento de Mulheres Negras; integra a Coletiva Mahin – Organização de Mulheres Negras;
Pesquisadora e Mestra em Estudo de Linguagens/PPGEL/UNEB.
Facilitadora
Mafuane Oliveira é pesquisadora, educadora, contadora de histórias e mestranda no Instituto de Artes da UNESP. É criadora da Cia Chaveiroeiro, projeto de narração de histórias e formação de professores, voltada à pesquisa e difusão de narrativas tradicionais africanas e afro-luso-ameríndias. A convite das embaixadas do Brasil em Moçambique e São Tomé e Príncipe, ministrou em ambos países cursos sobre mediação de leitura e narração de histórias para professores da educação básica e jovens artistas. Atualmente é apresentadora na TV Rá Tim Bum, consultora de projetos culturais relacionados à oralidade, literatura, arte e educação étnico-racial.
Facilitadora
Das 10h às 17h, de segunda a sexta-feira
Rua Professora Gioconda Mussolini, 259 – Jardim Rizzo, São Paulo – SP, 05587-120