O Ministério da Cultura, via Lei Federal de Incentivo à Cultura, e o Instituto Tomie Ohtake apresentam Casa Sueli Carneiro em residência, exposição com o patrocínio do Nubank, mantenedor do Instituto Tomie Ohtake, e correalização da Casa Sueli Carneiro. Sob curadoria de Luanda Carneiro Jacoel, diretora do Legado da Casa Sueli Carneiro, a mostra ficará em cartaz de 13 de junho a 3 de agosto de 2025, paralelamente às exposições Teatro Experimental do Negro nas fotografias de José Medeiros, Manuel Messias – Sem limites e Manfredo de Souzanetto – As Montanhas. A exposição integra também a programação do IV Festival Casa Sueli Carneiro, que acontece entre os dias 24 e 29 de junho, com o tema “Memória Negra e Reparação em Afluência”.
A mostra é resultado de um processo formativo e coletivo, realizado ao longo de 2024, dentro de uma residência voltada exclusivamente a pessoas negras na Casa Sueli Carneiro. Os participantes receberam acompanhamento curatorial, participaram de oficinas, encontros teóricos, vivências, além de acesso exclusivo ao acervo da Casa, conjugando pesquisa, memória e experimentação a partir das contribuições do pensamento de Sueli Carneiro, do feminismo negro brasileiro e das diásporas africanas.
O programa foi orientado pelas pesquisadoras Luanda Carneiro Jacoel, Taina Silva Santos e Ionara Lourenço, e compreendeu os seguintes eixos: História Negra e Feminismos Negros, Artes e Documentação. A experiência propôs um intercâmbio entre diferentes campos do saber e modos de criação, incentivando a articulação entre legado, linguagem, arte e justiça social.
Serão apresentados sete projetos nas áreas de artes visuais, performance, literatura, audiovisual, educação e memória que tensionam temas como feminismos negros na América Latina, a atuação política das mulheres negras na cultura brasileira, ancestralidade e corpo, racismo estrutural e encarceramento, pedagogias decoloniais e estratégias de resistência a partir da arte. São eles:
- Aparicências, instalação sonora de Liliane Braga (Ndembwemi), propõe uma fabulação entre vozes ancestrais e o acervo, ativando a oralidade como eixo da epistemologia negra.
- Gẹ̀lẹ́dẹ́ – o drama e o cultivo de micro sociedades agrícolas, de Olaegbé (Jéssica Nascimento), apresenta uma máscara cerimonial africana em diálogo com imagens e dramaturgia sobre a fundação do Geledés – Instituto da Mulher Negra.
- Jogo do Bem-Viver, de Agnis Freitas e Carolina Melo, convida o público a refletir sobre tecnologias políticas de mulheres negras por meio da ludicidade.
- Entre a esquerda e a direita, continuo sambando, documentário experimental de Maria Júlia Petronilho, investiga o protagonismo das mulheres negras nas escolas de samba paulistanas.
- O Brigue de Bracuí, documentário dirigido por Thiago Fernandes, Mario Guetto Groove e Fael Miranda, tensiona a história da escravidão a partir de registros e narrativas contra-hegemônicas.
- Lançamento do Minidicionário Teórico Negro Brasileiro do Pensamento de Sueli Carneiro, de Gilvaneide de Sousa Santos, com ilustrações de Alice Guedes, propõe uma ferramenta pedagógica para aplicação das leis 10.639/03 e 11.645/08.
- Exposição virtual Racismo estrutural e políticas públicas, de Daruê Zuhri, apresenta reflexões visuais e textuais sobre desigualdades raciais no Brasil contemporâneo.
A mostra traz ainda uma seleção de livros e documentos que integram o Acervo Sueli Carneiro, sob curadoria de Ionara Lourenço, coordenadora de acervos da Casa, dispostos em diálogo com a biblioteca circulante da Casa Sueli Carneiro, disponível temporariamente para o público na exposição. A colaboração acontece também no âmbito do projeto Experiências Negras, criado em 2018 pelo Instituto Tomie Ohtake com o objetivo de evidenciar a atuação de profissionais negras e negros nas instituições culturais e fomentar políticas de inclusão por meio de mapeamentos, publicações, debates e ações formativas.
Programa Público
A esta exposição soma-se um programa público de encontros, oficinas e vivências. No dia 13 de junho, sexta-feira, haverá uma programação concebida especialmente para professores das redes pública e privada, com visita à exposição e prática no ateliê acompanhadas pela equipe de educadores da instituição. A participação no evento acontece mediante inscrição prévia e está sujeita a lotação. No dia 21 de junho, das 18h às 19h, será realizada uma performance com Melvin Santana. Já no dia 28 do mesmo mês, da 16h às 18h, ocorre a conversa com Leda Maria Martins e Aldri Anunciação. No dia 05 de julho serão três eventos, começando pela conversa com William Santana Santos e Guilherme Diniz, com mediação de Mari Per, das 16h às 18h, seguida por uma palestra com Samuel Titan sobre José Medeiros, das 18h às 18h30 e, encerrando a programação do dia, uma performance com Verônica Santos, das 18h30 às 19h30. No dia 19 de julho, das 16h às 19h, ocorre uma sessão do filme de Daniel Solá Santiago seguido de debate com Mari Queen e Heitor Augusto. Uma performance com Malu Avelar no dia 02 de agosto, das 16h às 18h, encerra a programação. A programação é atualizada pelo site e redes sociais do Instituto ao longo do período expositivo.